BEJA ASSINALA 350 ANOS DAS CARTAS DE MARIANA ALCOFORADO
Por Sul Informação • 2 de Janeiro de 2019 - 16:35
Primeira edição das «Cartas Portuguesas» saiu a 4 de Janeiro de 1669, em França
A janela de soror Mariana Alcoforado, no antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição, onde hoje funciona o Museu Regional de Beja.
Beja comemora, em 2019, os 350 anos da primeira edição das Cartas Portuguesas de Soror Mariana Alcoforado, a freira que viveu toda a sua vida, dos 11 anos aos 83, no convento da cidade.
Por isso, o “Festival B” será, este ano, dedicado a Mariana Alcoforado e às “Cartas Portuguesas”: uma das mais bonitas histórias de amor.
«Uma paixão sublime, não correspondida. Uma paixão que nasceu num dia especial, do ano de 1666, através da janela gradeada de um convento. Uma paixão tornada universal, pelas cinco cartas escritas a um jovem oficial da cavalaria francesa, de seu nome Nöel Bouton, Marquês de Chamilly e, mais tarde, Conde de S. Saint-Lèger», recorda a Câmara da capital do Baixo Alentejo.
Embora os originais das cartas não tenham chegado aos nossos dias, sabe-se da sua existência pela sua primeira edição, datada de 4 de Janeiro de 1669, em França, por Claude Barbin, com o título “Lettres Portugaises Traduites en François”.
No mesmo ano, seguiu-se uma outra edição, na cidade alemã de Colónia, por Pierre du Marteau.
A janela de soror Mariana Alcoforado, no antigo Convento de Nossa Senhora da Conceição, onde hoje funciona o Museu Regional de Beja.
Beja comemora, em 2019, os 350 anos da primeira edição das Cartas Portuguesas de Soror Mariana Alcoforado, a freira que viveu toda a sua vida, dos 11 anos aos 83, no convento da cidade.
Por isso, o “Festival B” será, este ano, dedicado a Mariana Alcoforado e às “Cartas Portuguesas”: uma das mais bonitas histórias de amor.
«Uma paixão sublime, não correspondida. Uma paixão que nasceu num dia especial, do ano de 1666, através da janela gradeada de um convento. Uma paixão tornada universal, pelas cinco cartas escritas a um jovem oficial da cavalaria francesa, de seu nome Nöel Bouton, Marquês de Chamilly e, mais tarde, Conde de S. Saint-Lèger», recorda a Câmara da capital do Baixo Alentejo.
Embora os originais das cartas não tenham chegado aos nossos dias, sabe-se da sua existência pela sua primeira edição, datada de 4 de Janeiro de 1669, em França, por Claude Barbin, com o título “Lettres Portugaises Traduites en François”.
No mesmo ano, seguiu-se uma outra edição, na cidade alemã de Colónia, por Pierre du Marteau.
Claustros do Convento de Nossa Senhora da Conceição, atual Museu Regional de Beja
As edições sucederam-se um pouco por toda a Europa e, já em 1923, de acordo com Godofredo Ferreira, estudioso e colecionador das obras sobre as cartas, existiam 130 edições em diversas línguas: francês, inglês, italiano, alemão, espanhol, dinamarquês, holandês e português.
Este amor maior, “grande de mais para um só ser”, como escreveu o poeta Rainer Maria Rilke, foi, e continua a ser, fonte de inspiração para poetas, filósofos, escritores, cineastas, artistas plásticos, músicos… Sucedem-se as obras e as edições.
As iniciativas das comemorações em Beja começam no dia 4 de Janeiro, às 19h00, com a inauguração da exposição permanente «100 Passos», no Museu Regional de Beja, com o apoio do Arquivo Distrital de Beja.
Esta exposição é promovida pela Câmara Municipal de Beja, a CIMBAL e o Museu Regional de Beja, insere-se na programação do Festival B – Beja, Cidade de Mariana Alcoforado e estará patente ao público até ao dia 31 de Dezembro.
«Em sentido figurado, Mariana Alcoforado viveu a sua vida no espaço físico de 100 passos. Aquando do seu batismo na igreja de Santa Maria e logo aos 11 anos, quando ingressou no Convento de Nossa Senhora da Conceição, as distâncias muito curtas desde a casa de seus pais limitaram a sua vivência no espaço e na vida. A exposição 100 passos procura retratar esse espaço, que embora curto, não coibiu o surgimento de uma enorme paixão e de um amor maior, “grande demais para um só ser” como definiu o poeta Rainer Maria Rilke», explica a autarquia.
A Câmara Municipal de Beja está ainda a preparar um alargado programa dedicado à figura e ao legado de Mariana Alcoforado em 2019.
Quem foi Mariana Alcoforado?
Mariana Alcoforado nasceu em Beja, no ano de 1640. Batizada na Igreja de Santa Maria, no dia 22 de Abril do mesmo ano, foi seu padrinho D. Francisco da Gama, conde da Vidigueira e bisneto de Vasco da Gama.
Filha de um nobre transmontano, Francisco da Costa Alcoforado, e de uma bejense, Leonor Mendes, Mariana entrou para o Convento da Conceição aos 11 anos de idade.
Após o noviciado, professou aos 16 anos, exercendo, posteriormente, os cargos de escrivã e vigária.
A 30 de Julho de 1709, foi proposta para o cargo de Abadessa do Convento, tendo sido derrotada para tão importante cargo por 48 votos a favor e 58 contra. Seria então eleita D. Joana Veloso de Bulhão.
Em Março de 1723, com 83 anos de idade, assina pela última vez um documento, relativo ao encerramento das contas do trimestre do Convento da Conceição.
Morre a 28 de Julho desse mesmo ano, vítima da sua já avançada idade.
Deixou em legado uma das mais belas histórias de amor. O amor e o desamor no desencontro entre uma freira e um cavaleiro oficial francês que foi revelado na edição das Cartas Portuguesas, pelo editor francês Claude Barbin.
A sua vida seguiu o destino que lhe havia sido traçado pela família, de reclusão no convento até à data da sua morte em 1723, com 83 anos de idade.
Ao que se sabe e ao que se presume, incluindo o mistério da sua existência, o amor e a paixão acompanharam-na até aos seus últimos instantes de vida.
Além da beleza das suas cartas e do interesse que despertaram ao longo de séculos em todo o mundo, o exemplo de Mariana Alcoforado levanta várias questões sociais, algumas bastante atuais: a condição de género, a posição social, a sobreposição de um destino imposto à liberdade para escolher.
A sua vida e a sua figura são igualmente misteriosas e belas pelo que nos é deixado como legado: o amor e a vida!